Com o crescimento do mercado de fitness no início dos anos 90, as academias começaram a se reestruturar com novos serviços e equipamentos, com a criação do departamento de marketing e vendas e uma conseqüente fomentação por cursos para coordenadores, gerentes e proprietários. Hoje é um mercado que gera milhões de dólares anuais e ainda está em franca expansão. Mas o que podemos falar sobre o setor de avaliação física? É um setor oriundo dos laboratórios das grandes universidades que teve os seus serviços básicos migrados para as academias. Avaliação de composição corporal, perimetria, somatotipo, postural, resistência muscular localizada (RML) e teste ergométrico constam até hoje na maioria das salas de avaliação física em todo o Brasil. Um modelo muita das vezes calcado em números e termos técnicos específicos ao profissional de educação física.
Se fizermos uma avaliação da década de 90 para os dias atuais, talvez a única mudança significativa foi a adoção de softwares específicos para o gerenciamento de dados. Mas e o serviço com um todo, por que não acompanhou o mercado de fitness nestes últimos anos? Será que as informações geradas na avaliação física vão ao encontro com os objetivos do cliente? De acordo com palestra proferida na Convenção da IHRSA (The International Health, Racquet & Sportsclub Association) de 2004, cerca de 90% das pessoas acha que a avaliação física é um serviço dispensável, informação que parece procedente, já que o número de reavaliações físicas realizadas nas academias muitas das vezes não chega a 20%!!!!
Eis uma cena que se repete todos os dias nas academias: depois de vários anos de sedentarismo, o futuro cliente chega à academia para se inscrever, e logo descobre que terá que desembolsar uma pequena taxa para a realização da sua avaliação física. Na hora marcada, o cliente aparece no setor de avaliação e realiza todas as medidas possíveis e as que ele nem imaginava que existia. No final, o avaliador mostra que ele necessita perder peso e melhorar sua condição cardiorrespiratória. A partir daí, o cliente de posse da sua avaliação, vai para o setor de musculação e o profissional responsável monta uma série básica e recomenda trabalho aeróbio no setor de ergometria. Mas será que todas as informações geradas na avaliação foram úteis para uma prescrição individualizada? Será que o programa de treinamento aeróbio levou em conta as faixas de freqüências cardíacas individuais medidas num teste ergométrico? E será que existe um programa real para gasto calórico durante as atividades escolhidas pelo cliente? De acordo com a atual realidade do mercado, as respostas a essas questões não devem ficar claras para o cliente.
Muitas vezes a grande quantidade de laudas que são entregues, juntamente com termos e números pouco significativos para a prescrição do treinamento, faz com que o cliente não considere a avaliação física um serviço essencial.
E o que faz uma pessoa comprar um produto ou um serviço? Na maioria das vezes, é uma necessidade específica. E para se chegar a essa necessidade é preciso criar um canal de comunicação com o cliente potencial. De uma forma geral, o serviço de avaliação nas academias não esta preparado para atrai-los. É preciso criar serviços específicos de acordo com as demandas do mercado. E quais poderiam ser esses serviços que podem vir a despertar a vontade do cliente em se submeter a uma avaliação e/ou reavaliação? A análise do tipo de pisada para os participantes do grupo de corrida de academia; avaliação de autonomia funcional para os idosos; avaliação de habilidade motora para crianças e adolescentes, entre outros.
Com um pouco de tecnologia e principalmente informação, é possível desenvolver serviços que realmente sejam de interesse do cliente e, principalmente, que sejam funcionais. Neste momento é importante questionarmos o modelo atual e buscar novas formas e caminhos para o serviço de avaliação física nas academias. A única certeza que temos é que as mudanças aconteceram e precisamos acompanhá-las.
Victor dos Santos Júnior
Diretor do CAFT – Centro de Avaliação Física e Treinamento.
(Matéria extraída da Revista Rio Fitness Magazine - Ano 01 / no 01 / 2010)
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